25 de novembro de 2007

"A Árvore Triste"

Era uma vez uma bela quinta onde existia toda a espécie de árvores de fruto: macieiras, laranjeiras, pereiras e outras mais. Havia também um jardim com variadas flores, predominando as rosas.




Quando se entrava nessa quinta respirava-se alegria, pois cada árvore procurava dar o que tinha de mais belo: os saborosos frutos. Também as roseiras alegravam o ambiente com a sua cor e o seu perfume.


Contudo, havia uma árvore que vivia muito triste por causa de um problema de identidade: não sabia quem era!


Queixou-se à macieira e esta disse-lhe:


- Se queres viver feliz, faz um esforço de interiorização, convence-te que és uma macieira e poderás ter saborosíssimas maçãs. Verás como é fácil.


A roseira, que ouviu a conversa, disse-lhe:


- Não faças caso do que diz a macieira. É mais simples para ti dar rosas. Vês como elas são lindas. Terás rosas e serás feliz.


A árvore triste ouviu ainda o concelho de outras árvores. Todas lhe recomendavam o mesmo: que as imitasse e desse frutos iguais aos seus. Se elas viviam felizes, também ela seria feliz.


Em seguida, experimentou fazer o que lhe diziam mas foi um desastre. Não conseguiu dar maçãs, nem rosas, nem laranjas. Por isso, sentia-se cada vez mais frustrada.



Um dia, passou por ali um mocho, a mais sábia das aves. Ao ver o desespero da árvore triste, exclamou:


- Não te preocupes, porque o teu problema é o problema de muitos seres que habitam sobre a terra.


A árvore triste perguntou:


- E qual é a solução para este problema?


O sábio mocho respondeu:


- Não passes a vida a procurar ser o que os outros querem que tu sejas. Conhece cada vez melhor a tua identidade e sê tu própria.


- E que hei-de fazer para conhecer a minha identidade?


- Escuta a voz interior que fala no teu íntimo. Ela te dirá quem és tu.


Dito isto, desapareceu. A árvore, ao cair da tarde, quando o silencio cobria a quinta, fechou os olhos. Ouviu então uma voz interior que lhe dizia:


- Tu nunca darás maçãs porque não és uma macieira; nunca florescerás na Primavera porque não és uma roseira. Tu és um carvalho e o teu destino é cresceres grande e majestoso. Darás abrigos às aves, sombras aos viajantes, beleza à paisagem. (…)



A árvore triste, pouco a pouco, foi assumindo a sua identidade de carvalho. Cresceu e, passado alguns anos, era uma árvore admirada e respeitada por todos. Sentia-se feliz.



Pedrosa Pereira

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