29 de outubro de 2007

As mãos



Com mãos se faz a paz se faz a guerra.

Com mãos tudo se faz e se desfaz.

Com mãos se faz o poema – e são de terra.

Com mãos se faz a guerra – e são a paz.


Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.

Não são de pedras estas casas mas

de mãos. E estão no fruto e na palavra

as mãos que são o canto e são as armas.


E cravam-se no Tempo como farpas

as mãos que vês nas coisas transformadas.

Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.


Ninguém pode vencer estas espadas:

nas tuas mãos começa a liberdade.


Manuel Alegre

22 de outubro de 2007

A Catedral

“(…) No principio havia uma muralha. Dezenas de anos se passaram, a capela transformou-se numa igreja. Mais um século e a igreja tornou-se uma catedral gótica. A catedral conheceu os seus momentos de glória, teve alguns problemas de estrutura, foi abandonada por um período, passou por reformas que deformaram a sua estrutura, mas cada geração achava que tinha resolvido o problema e refazia os planos originais.
E a catedral resistia a tudo.

Caminho pelo seu esqueleto, vendo as reformas actuais: desta vez os arquitectos garantem que encontraram a melhor solução.

E, de repente, no meio da nave central, dou-me conta de algo muito importante: a catedral sou eu, é cada um de nós. Vamos crescendo, mudando de forma, deparamo-nos com algumas fraquezas que têm de ser corrigidas, nem sempre escolhemos a melhor solução, mas apesar de tudo continuamos em frente, tentando manter-nos erectos, correctos, de modo a honrar não as paredes, nem as portas ou janelas, mas o espaço vazio que está ali dentro, o espaço onde adoramos e veneramos aquilo que nos é caro e importante.

Sim, somos uma catedral, sem dúvida alguma. Mas o que está no espaço vazio da minha catedral interior? (…)”

(O Zahir, Paulo Coelho)

16 de outubro de 2007

Flores (Parte II)


As minhas flores eram doces crianças… floresciam aos meus olhos, alegres, brincalhonas, sorridentes… vivem a sua infância com toda a espontaneidade e naturalidade que tanto as caracteriza…


Em cada dia tento proporcionar o seu alimento… sim! Porque estas minhas flores vivem também ao sabor do vento… vivem de sonhos, de calor, de afecto!...


A sua imaginação permite-lhes voar a todo o tempo… mas ao meu jardim sempre regressam em busca de conforto, de paz, de segurança, de afecto… olham-me nos olhos e sorriem… e eu?? Eu… mais uma vez sorrio com elas! …

Flores (Parte I)

O dia está soalheiro. O sol entra sem timidez iluminando toda a casa. Abro as janelas voltadas para o meu jardim. Lá fora as flores que semeie abraçam o sol e parecem sorrir ao sabor da leve brisa. Eu sorrio também… relembro o tempo em que escolhi cuidadosamente o terreno, onde retirei as ervas daninhas e espalhei cada sementinha. Corria todas as manhãs para o jardim, apressava-me a regar cada uma delas e esperava ansiosa para que florescessem…


Certo dia, tal não foi a minha surpresa, quando vejo que cada sementinha germinara e com determinação rompiam a terra tentando alcançar o sol! Cada flor, pequena e frágil, única, singular… lutava para crescer e vencer nas adversidades da vida.


Eu observava-as com admiração… uma vez rompendo o solo cresciam com afinco, cada vez mais fortes, mais viçosas. Nas adversidades progrediam, os obstáculos transpunham-nos, cada experiência viviam-na, e com a vida sorriam… e eu?!... Eu sorria com elas!...

15 de outubro de 2007

Olá!

Este é o nosso blog.
Espreitem e comentem!

Beijinhos