22 de outubro de 2007

A Catedral

“(…) No principio havia uma muralha. Dezenas de anos se passaram, a capela transformou-se numa igreja. Mais um século e a igreja tornou-se uma catedral gótica. A catedral conheceu os seus momentos de glória, teve alguns problemas de estrutura, foi abandonada por um período, passou por reformas que deformaram a sua estrutura, mas cada geração achava que tinha resolvido o problema e refazia os planos originais.
E a catedral resistia a tudo.

Caminho pelo seu esqueleto, vendo as reformas actuais: desta vez os arquitectos garantem que encontraram a melhor solução.

E, de repente, no meio da nave central, dou-me conta de algo muito importante: a catedral sou eu, é cada um de nós. Vamos crescendo, mudando de forma, deparamo-nos com algumas fraquezas que têm de ser corrigidas, nem sempre escolhemos a melhor solução, mas apesar de tudo continuamos em frente, tentando manter-nos erectos, correctos, de modo a honrar não as paredes, nem as portas ou janelas, mas o espaço vazio que está ali dentro, o espaço onde adoramos e veneramos aquilo que nos é caro e importante.

Sim, somos uma catedral, sem dúvida alguma. Mas o que está no espaço vazio da minha catedral interior? (…)”

(O Zahir, Paulo Coelho)

1 comentário:

Pi&Ri disse...

Porque se cada um de nós já é uma catedral, também cada uma de nós já foi muralha, capela e igreja … A vida é crescer!!

**