“Mas a sua mãe estava diferente. Usava bonitas roupas novas, sorria muito e raramente se zangava. Maria sabia que, depois de se irem deitar, Reginaldo vinha visitar a mãe. Habituou-se a ouvir a música suave da viola de Reginaldo que lhe chegava pelas escadas.
Sem que desse por isso, o temível gigante transformara-se num grande urso meigo e brincalhão. Saíam todos juntos para ir à feira ou para fazer piqueniques.
Maria concordou mesmo em ir aos ombros de Reginaldo até à praia que ficava lá em baixo.
- As princesas nunca vão à água – insistia ela.
Reginaldo levou-os a uma linda enseada.
- Vou construir um castelo para a princesa – anunciou, sorrindo. Todos ajudaram; ficou enorme.
- Vamos enfeitá-lo com conchas – sugeriu a mãe.
João e Maria brincaram até o mar subir e entrar na vala.
- Mãe, tenho medo – gritou Maria.
Apesar disso recusou-se a deixar sozinho João no alto do castelo, até a água lhes salpicar os pés.
Divertiram-se imenso com Reginaldo, descobrindo novas praias. Maria ganhou coragem suficiente para patinhar com a água até aos joelhos.
No entanto, Reginaldo e o seu barco eram outra questão.
- Não, não, não deves ir para o barco à vela! – exclamou, muito assustada com a ideia.
- Mãe, não deixes o Reginaldo partir e perder-se.
A mãe também se mostrava preocupada, mas respondeu:
-Não tenhas medo, minha princesa, ele não correrá perigo.
De modo que, quando um dia Reginaldo lhe perguntou: «Princesinha, gostarias de visitar o castelo? Podíamos atravessar a baía no barco à vela», Maria não soube o que responder. Era uma ideia aterradora. Apesar disso detestava perder aquela oportunidade. Todas as suas histórias se inspiravam no castelo. Tinha de ir. (…)”
Caroline Binch