6 de dezembro de 2007

"A Princesa e o Castelo" (Parte I)

“Maria detestava o mar. Vivia mesmo ao lado, numa casa de pedra junto do porto, mas mantinha-se constantemente afastada das suas ondas enormes e frias.


Anos antes, já mal se lembrava, o barco de pesca do pai desaparecera no mar. Ele nunca mais voltara para casa. (...)


Maria via, da janela do seu quarto, o velho castelo no outro lado da baía.


A sua brincadeira preferida era fazer de conta que era uma princesa. Imaginava o pai, o rei, a viver no castelo, esperando pelo seu regresso a casa.


- As princesas não gostam da praia – dizia Maria quando os amigos chamavam por ela sempre que passavam em frente da casa a caminho da praia com os seus baldes e pás.


A princesa Maria preferia montar no seu cavalinho de pau e viver muitas aventuras… Acordar com um beijo de um lindo príncipe… Ou escapar por um triz a dragões e monstros.


Em certa manhã cheia de sol, Maria viu um barco pequeno entrar no porto. Um homem alto e queimado pelo sol manobrava as velas vermelhas.


- Ah, lá vem o Cavaleiro Vermelho – anunciou ela à sua corte.


Alguns dias mais tarde, a mãe apresentou João e Maria a Reginaldo, o seu novo amigo.


- Olá, tu deves ser a Maria – disse o homem com uma voz profunda. Era o gigante, o Cavaleiro Vermelho do barco. Maria assustou-se e, cheia de medo, correu para o seu quarto.


A partir dessa altura a mãe começou a falar muito de Reginaldo, mas Maria recusava-se a vê-lo de novo, apesar de isso entristecer a sua mãe.


- Anda por aí um gigante horrível a tentar raptar uma princesinha – contou ela às suas aias. Só esperava que ele não tentasse fazer o mesmo à sua mãe. (…)”


Caroline Binch

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