“Maria detestava o mar. Vivia mesmo ao lado, numa casa de pedra junto do porto, mas mantinha-se constantemente afastada das suas ondas enormes e frias.
Anos antes, já mal se lembrava, o barco de pesca do pai desaparecera no mar. Ele nunca mais voltara para casa. (...)
Maria via, da janela do seu quarto, o velho castelo no outro lado da baía.
A sua brincadeira preferida era fazer de conta que era uma princesa. Imaginava o pai, o rei, a viver no castelo, esperando pelo seu regresso a casa.
- As princesas não gostam da praia – dizia Maria quando os amigos chamavam por ela sempre que passavam em frente da casa a caminho da praia com os seus baldes e pás.
A princesa Maria preferia montar no seu cavalinho de pau e viver muitas aventuras… Acordar com um beijo de um lindo príncipe… Ou escapar por um triz a dragões e monstros.
Em certa manhã cheia de sol, Maria viu um barco pequeno entrar no porto. Um homem alto e queimado pelo sol manobrava as velas vermelhas.
- Ah, lá vem o Cavaleiro Vermelho – anunciou ela à sua corte.
Alguns dias mais tarde, a mãe apresentou João e Maria a Reginaldo, o seu novo amigo.
- Olá, tu deves ser a Maria – disse o homem com uma voz profunda. Era o gigante, o Cavaleiro Vermelho do barco. Maria assustou-se e, cheia de medo, correu para o seu quarto.
A partir dessa altura a mãe começou a falar muito de Reginaldo, mas Maria recusava-se a vê-lo de novo, apesar de isso entristecer a sua mãe.
- Anda por aí um gigante horrível a tentar raptar uma princesinha – contou ela às suas aias. Só esperava que ele não tentasse fazer o mesmo à sua mãe. (…)”
Caroline Binch
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