18 de novembro de 2007

"A Cerejeira Impaciente"

"Numa colina duma simpática aldeia, havia umas cerejeiras. A Primavera ainda estava longe, mas os habitantes esperavam ansiosos por verem desabrochar as delicadas flores brancas coloridas de rosa. Eram a alegria de toda a gente.


Junto à cerejeira maior havia uma outra, ainda muito nova, mas que tinha crescido com pressa e impaciente por ver todas as suas flores e mostrar os seus frutos. Perguntava muitas vezes à mais velha:


- Quando posso florir?


A mais velha respondia-lhe sempre:


- Tens de ter paciência, minha cara amiga. Na natureza há leis que ninguém pode infringir. Espera pelo teu tempo; verás que terminado o Inverno florirás também tu e produzirás muitas cerejas. Mas por agora não sejas impaciente: aprende a respeitar os tempos de crescimento!


A jovem cerejeira, embora lhe custasse muito ouvir tais concelhos de uma árvore adulta, suspirava:


- Está bem!...


Um dia, em fins de Fevereiro, quando estava uma linda tarde de sol e o Inverno parecia que tinha acabado definitivamente, perguntou à velha cerejeira:


- Posso florir?


Ela respondeu:


- Não, ainda é muito cedo. Isto não é a Primavera. É provável que ainda regressem os dias de frio e gelo.


A nova cerejeira, indisposta, disse:


- Uff! Vós, os grandes, sois sempre assim! Só sabeis dizer que não, que é preciso esperar, ter paciência, e assim sucessivamente. Basta! Está calor e tenho direito a fazer as minhas opções. Serei eu a mandar em mim. Estou farta dos vossos conselhos e dos vossos medos!


E foi assim que dos seus botões despontaram belíssimas flores. Esta jovem cerejeira era muito admirada: as pessoas vinham ver as suas maravilhosas flores brancas coloridas de rosa, fazendo festa a este início de Primavera precoce.


Ela era feliz: pavoneava-se diante de toda a gente, contemplando-se e exaltando a sua beleza.


Mas, como tinha dito a velha cerejeira, aquilo era apenas o anúncio da Primavera. E, de facto, esses dias de sol duraram pouco tempo. Passados poucos dias, veio de novo o frio e também o gelo, queimando todas as suas flores."


Pedrosa Ferreira

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